Nem branco, nem tinto: o vinho “laranja”, uma antiga novidade

orange-wineO vinho laranja, ou Orange wine, como é (pouco) conhecido mundo afora, é um vinho branco, vinificado como um tinto. As cascas de uvas brancas, permanecem em contato com o suco durante a fermentação, por um tempo que pode variar entre alguns dias até cerca de 8 meses, adquirindo assim uma cor alaranjada ou âmbar, textura um pouco mais viscosa e áspera por causa dos taninos.

Na verdade, uma técnica ancestral de produção, que remonta a mais de 8.000 anos atrás na Geórgia, país da Europa Oriental, de onde se tem as mais antigas evidências históricas da produção de vinho de uvas. O principal produtor dos vinhos laranja no mundo é o polêmico enólogo Josko Gravner, que produz alguns rótulos de grande complexidade e bem longevos, na região do Friuli, Itália. O cultivo é orgânico, sem insumos químicos, com amadurecimento de 1 ano em ânforas de barro enterradas no solo e 6 anos em grandes barris de carvalho. Há também produtores na França, Estados Unidos,  Eslovênia, Chile e até no Brasil, com produções limitadíssimas, principalmente no Rio Grande do Sul e  Santa Catarina, como os da vinícola Quinta da Figueira, que se posiciona como uma vinícola de “vinhos disruptivos”.

vinhos-laranja

Características:

Uvas: Ribolla Gialla, Malvasia, Friulano e Trebbiano entre outras na Itália, o principal produtor. Também Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscato…

Cor: Do amarelo dourado ao laranja acobreado. Pode apresentar ligeira turvação, pois em geral não é filtrado.

Aromas: Uma ampla variedade, dependendo da vinificação e amadurecimento: frutas secas, flores como lavanda e jasmim, menta, iodo, cítricos confitados, ou notas oxidativas ou terrosas.

Na boca: Acidez volátil, presença suave de taninos, textura untuosa e em geral marcante mineralidade e longo final.

Notas: Não é um vinho fácil, requer concentração e alguma experiência prática de degustação para traduzir a complexidade bem específica e às vezes intrigante. Ótimo para quem busca descobertas além do óbvio.

Harmonização: frutos do mar, peixes, comidas temperadas, como as asiáticas ou pratos baianos. Inclusive carnes, mesmo vermelhas.

Preço: Devido a sua forma de produção diferenciada e a pequena escala em que é produzido, os preços podem ir de 130,00 (rótulos brasileiros) a mais de 500,00.

Onde encontrar: http://www.quintadafigueira.com.brhttp://www.decanter.com.br

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Fernando, além de Pessoa

F pessoa

Fernando, além de Pessoa: publicitário, astrólogo, crítico literário, inventor, empresário, tradutor, correspondente comercial, filósofo, comentarista político e acima de tudo, um poeta português para o mundo. Um gênio literário lusitano, amante do vinho.  “Boa é a vida, mas melhor é o vinho” é uma de suas citações metaforizando a bebida e a existência. No seu poema a seguir, como bem disse a sommelier e filósofa Viviana de Oliveira em Vintologias, “um mundo imaginário vivido dentro de um quadro onde o vinho tem uma presença importante como agente de uma grande ilusão, e onde nada do mundo “real” nos importa, justamente por esse ter perdido sua magia”.

 

Bocas Roxas                                                        

Bocas roxas de vinho,

Testas brancas sob rosas,

Nus, brancos antebraços

Deixados sobre a mesa;

Tal seja, Lídia, o quadro

Em que fiquemos, mudos,

Eternamente inscritos

Na consciência dos deuses.

Antes isto que a vida

Como os homens a vivem

Cheia da negra poeira

Que erguem das estradas.

Só os deuses socorrem

Com seu exemplo aqueles

Que nada mais pretendem

Que ir no rio das coisas.

Diga-me em que solo estás e te direi quem és…

Red-wine-grapes

Muitas vezes você se depara, lendo um rótulo de vinho, com a indicação do tipo de solo em que estão plantados os vinhedos que originaram o precioso líquido que estás prestes a adquirir ou degustar. E daí?

Antes de mais nada, é bom saber que os solos mais ricos, com muita umidade e matéria orgânica, não são bons para a viticultura, pois favorecem mais o crescimento das folhas e galhos, do que dos frutos, que ainda irão conter mais água. Os melhores são os solos de baixa fertilidade boa permeabilidade para o aprofundamento das raízes e boa drenagem.

Veja em poucas palavras, alguns fatores de influência do solo, no vinho:

Calcário: Alcalino e rico em cálcio, bom para muitas brancas, principalmente a Chardonnay.

Cascalho: É quente e facilita o escoamento das chuvas, portanto bons para os vinhedos em regiões frias e úmidas.

Ardósia: Retem calor e pode dar um caráter mineral ao vinho.

Granito: Favorece a acidez, boa para vinhos de guarda.

Argila: Retem água e refrescam o solo, bom portanto em regiões quentes e secas, como em Mendoza, na Argentina, por exemplo.

Uvas Autóctones, é de beber?

vitivinicultura

Existem com certeza mais de mil variedades de uvas viníferas pelo mundo, e muitas delas são autóctones, ou seja, nativas e cultivadas apenas num determinado local. Portugal, Grécia e Itália são exemplos de países produtores de excelentes vinhos feitos com uvas regionais.

Só em Portugal, há cerca de 250 uvas autóctones, e só uma pequena parte delas é plantada em outros países. Touriga Nacional na região do Dão, Touriga Franca ou Tinta Roriz no Douro e Alicante Bouschet  no Alentejo são bons exemplos lusitanos.

Mas a maioria das cepas mais conhecidas internacionalmente são de origem francesa, isso por causa da tradição histórica da França na cultura do vinho, determinando durante séculos um padrão mundial de qualidade.

Os vinicultores do Novo Mundo, seguindo esta referência, trataram de plantar variedades como Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Malbec, Chardonnay e Sauvignon Blanc, todas de origem francesa, eternizando esta dominação dos nomes, mas não dos estilos, pois é importante lembrar que uma mesma variedade de uva, plantada em locais de clima e solo diferentes, produz vinhos com características distintas.

O bom é garimpar e comparar, na taça!

Encontro Gastrô

“A vida toda é uma disputa entre gosto e degustação” Nietzsche

nietzsche

O Encontro

Já há 11 anos em Belo Horizonte e estreando em Brasília ainda neste ano, acaba de acontecer  um dos  maiores concurso do métier gastronômico do Brasil, o Encontro Gastrô. A Revista  Encontro, hoje junto com o Portal Uai e Diários Associados, premiam 39 categorias. É o único evento do gênero que tem a participação direta de mais de 200.000 internautas que votaram em seus garçons, bares e restaurantes prediletos, junto com o júri técnico, composto de 45 formadores de opinião. A lista dos ganhadores de 2013 traz locais e profissionais consagrados e boas novidades. O grande vencedor foi o tradicionalíssimo Taste Vin, em 5 categorias: Melhor Francês, Melhor Carta de Vinhos, Melhor Chef, Melhor Sommelier e finalmente Melhor Restaurante de Belo Horizonte. Confira o resultado algumas categorias em BH:

O Taste Vin, de Rodrigo Fonseca foi o vencedor em 5 categorias

Restaurantes – Boa Mesa

    Bufê de Self-Service: Restaurante do Inhotim (Oiticica)

    Churrascaria: Fogo de Chão

    Cozinha Light/Salada: Néctar da Serra

    Pizzaria: Marília Pizzeria

    Restaurante de Hotel: Amadeus (Royal Savassi)

    Restaurante Tradicional: Cantina do Lucas

Restaurantes – Sabores Regionais

    Cantina/Trattoria: Provincia di Salerno

    Cozinha do Mundo: Bangkok Royal Thai Cuisine

    Japonês: Udon

    Cozinha Mineira: Xapuri

    Cozinha Portuguesa: Restaurante do Porto

Restaurantes – Alta Gastronomia

    Bistrô: Ah!Bon

    Carne/Parrilla: La Victoria

    Carta de Vinhos: Taste-Vin

    Cozinha Contemporânea: A Favorita

    Francês: Taste-Vin

    Italiano: Vecchio Sogno

    Peixes/Frutos do Mar: Alguidares

Melhor Restaurante de BH: Taste-Vin

Restaurante Revelação 2013: Glouton

Melhores Profissionais

    Melhor Barman: Felipe Costan (Na Mata Café)

    Melhor Chef: Rodrigo Fonseca (Taste-Vin)

    Chef Revelação: Leonardo Paixão (Glouton)

    Melhor Maître: Robson Freitas (A Favorita)

    Melhor Sommelier: Denis Marconi (Taste-Vin)

O Mercado

Em Julho e Agosto, massas polares intensas fizeram nevar em dezenas de cidades brasileiras. Inverno e um brinde, sempre harmonizaram bem, mas enquanto a temperatura cai, o dólar sobe, e muito… Os reflexos disso na venda de vinhos e destilados importados, se faz sentir. Inclusive nas gôndolas, onde o preço em constante alta afasta consumidores, mesmo naquela que seria a estação mais propícia ao aumento deste tipo de consumo. Se a expectativa neste ano era reverter o quadro de 2012, em que houve queda média de 4% no consumo de vinhos finos no Brasil, agora já há dúvidas quanto ao atingimento das metas de varejo no primeiro semestre. Exceção feita ao espumante, que vem ganhando adeptos a cada dia e cresceu cerca de 12% de 2011 para 2012. Mas no quadro geral, o Brasil continua sendo um mercado com enorme potencial, inclusive nas vendas digitais. A wine.com.br, brasileira fundada em 2008 e hoje a maior loja virtual de vinhos do continente, tem projeções ambiciosas de dobrar o faturamento de 60 milhões em 2012. Quem viver o vinho, verá.

Coluna 105

Vinho Verde: Um Português com a cara do Brasil

Eles não são feitos de uvas não amadurecidas, e nem são da cor verde. Tem este nome porque são feitos unicamente numa região de natureza verdejante ao noroeste de Portugal, entre os rios Douro e Minho. Esta região, que é uma Denominação de Origem Controlada, ficou conhecida através dos tempos como Região dos Vinhos Verdes, nome que se reflete também no caráter destes vinhos joviais, refrescantes, aromáticos, medianamente alcoólicos e perfeitos para o clima quente. Talvez por isso também tenha caído cada vez mais no gosto do brasileiro, que já é o 4º maior importador no mundo. Quanto à harmonização, sendo leves mas com personalidade, este vinhos, que podem ser brancos (os mais afamados), rosados ou tintos, combinam com muitos pratos, principalmente com a culinária Minhota, quando pensamos numa perfeita harmonização cultural com a comida da região de origem. Atualmente, descobriu-se também a vocação perfeita dos Vinhos Verdes brancos tranquilos ou espumantes para acompanhar a comida japonesa. Os rosados, raros por aqui, são par perfeito para sobremesas a base de frutas vermelhas. E os tintos, são escolta para bacalhaus, carnes suínas e cordeiros. A seguir, uma receita compilada pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, dentro do projeto de divulgação dos vinhos de Portugal, que tem visitado várias cidades brasileiras. Muito fácil de fazer e altamente recomendada para ser harmonizada com um Vinho Verde das uvas Azal e Arinto, como por exemplo o Quinta de Linhares DOC, (wine.com.br), que tem rótulos varietais de ambas as uvas, ou um corte de ambas mais Trajadura, no Escolha Azul Portugal DOC (decanter.com.br)

Bolsa Crocante de Bacalhau em Molho de Tomate e Coentros.

Ingredientes para 4 pessoas:

  • 4 folhas de massa folhada
  • 2 colheres de sopa de manteiga
  • 400 g de bacalhau dessalgado desfiado
  • 100 ml de leite
  • 2 dentes de alho
  • 1 cebolas média branca picada
  • 100 g de cenoura em tiras finas
  • 300 ml de molho fresco de tomate
  • I colher de sobremesa de salsa e coentro picadinhos

Preparo:

Leve ao fogo o azeite, a cebola e o alho para dourar. Junte a cenoura, em seguida o bacalhau. Tampe e deixe cozinhar em fogo lento. Retire e recheie as folhas, formando uma trouxinha e fechando com a ajuda de um palito. Pincele-as com manteiga e leve ao forno brando para alourar. Ponha o molho de tomate não muito quente no centro do prato e no meio ponha cada bolsinha. Salpique com a mistura de salsa e coentro.

vinho verde

receita col 97

O vinho no restaurante

10 regrinhas ou dicas básicas para ajudar a curtir o seu vinho no restaurante, sem decepções.

  1. O vinho é tratado “com respeito” na casa, ou é um acessório dispensável?
  2. Tem taças de tamanho e formatos adequados, adega climatizada? Lembre-se: brancos gelados demais perdem aroma e sabor, tintos então nem se fala.
  3. Solicite a carta e leia-a com calma: ela é atualizada, organizada, descritiva?
  4. O restaurante tem sommelier? Consulte-o, inclusive sobre faixas de preço.
  5. Escolha primeiro o prato, depois o vinho, para  aproveitar ao máximo sua experiência de harmonização.
  6. O garçom ou sommelier deve lhe apresentar o vinho ainda fechado, antes de serví-lo. Este é o momento para você conferir se é realmente o vinho escolhido e a safra. Recentemente em um restaurante aqui da cidade, escolhi um vinho na carta que tinha 2 opções de variedade com o mesmo nome e rótulos quase idênticos, um Premium e outro Reserva. Na ocasião, optei pelo Premium e nem o garçon me mostrou o vinho antes de servir, nem eu pedi. Só após aberto verifiquei que se tratava da segunda opção, que custava o dobro do preço da primeira.
  7. Verifique se a rolha não está ressecada, quebradiça, sinal de que a garrafa passou muito tempo de pé no estoque. E se estiver úmida de vinho, é sinal de que a garrafa foi bem guardada na posição certa.  Se algo lhe parecer estranho, cheire a rolha (cheiro de “papelão molhado” ou “cachorro molhado” indica que o vinho pode estar bouchonée, foi afetado por um fungo na rolha que libera cheiro  e sabor ruins)
  8. Gire a taça suavemente para liberar os primeiros aromas mais alcoólicos e em seguida os demais, que realmente  interessam. Sinta os aromas a experimente devagar o primeiro gole, para liberar o serviço aos demais. Cheiros de vinagre ou ovo podre denotam vinho estragado. É de bom tom pedir ao sommelier que confirme.
  9. No Brasil , (exceto talvez em algumas regiões ou vinícola do sul), fuja de vinhos “da casa” ou suaves, que em geral são açucarados e enjoativos, de baixa qualidade.
  10. 1 garrafa de 750ml serve 5 pessoas. Vinho em taça sai mais caro e pode estar oxidado ou ter perdido os aromas, se a casa não tem tradição e boa rotatividade neste tipo de venda.